ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ESPECIAL DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-4-2003.

 


Aos vinte e nove dias do mês de abril de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e dezenove minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a debater o tema “Segurança Pública, Plano de Segurança e Monitoramento de Ponto de Alta Criminalidade”, nos termos do Requerimento n° 066/03 (Processo n° 1212/03), de autoria do Vereador Wilton Araújo. Compuseram a MESA: o Vereador Wilton Araújo, presidindo os trabalhos; o Senhor José Otávio Germano, Secretário Estadual da Justiça e da Segurança; a Senhora Helena Bonumá, Secretária Municipal de Segurança e Direitos Humanos; o Coronel Airton Carlos da Costa, Comandante do Policiamento da Capital; o Delegado Paulo César Jardim, Diretor do Departamento de Policiamento Metropolitano; o Senhor Roberto Jaeger, Diretor Comercial do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre – SINDILOJAS; o Vereador João Carlos Nedel, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os objetivos da presente Sessão, bem como a sistemática de funcionamento a ser adotada durante os trabalhos e, após, concedeu a palavra aos Oradores inscritos. O Senhor José Otávio Germano afirmou ser necessária a participação de toda a sociedade para a implantação de políticas eficientes no que tange à segurança pública, destacando aspectos alusivos às medidas que vêm sendo tomadas pelo Governo do Estado para melhorar a segurança pública no Rio Grande do Sul, notadamente através do aumento do policiamento ostensivo, da qualificação profissional dos membros da Brigada Militar e da Polícia Civil e da melhoria das condições sócioeconômicas da população. A Vereadora Helena Bonumá relatou as atividades desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Segurança e Direitos Humanos, declarando que as mesmas estão voltadas, dentre outros objetivos, à qualificação da Guarda Municipal e à adoção de práticas preventivas à criminalidade urbana. Também, analisou proposta de instalação de câmeras de vigilância no Centro da Cidade e destacou a importância da adoção de medidas públicas que viabilizem o combate ao crime organizado e à melhoria das condições de vida da população brasileira. Na ocasião, foram registradas as presenças de integrantes dos gabinetes dos Deputados Estaduais Berfran Rosado e Nelson Proença. Também, o Senhor Presidente informou que o Senhor José Otávio Germano se ausentaria da presente Sessão, face a compromissos anteriormente assumidos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Oradores inscritos. O Coronel Airton Carlos da Costa discorreu sobre a proposta de monitoramento do Centro da Cidade através da utilização de câmaras de vídeo, mencionando os potenciais benefícios que a adoção dessa medida acarretará para a segurança pública no local. Nesse sentido, explicou a influência exercida pelo uso de equipamentos eletrônicos de vigilância para a melhoria do policiamento ostensivo nos locais onde estão instalados, o que, segundo Sua Senhoria, acarreta redução no número de ocorrências policiais e aumento de segurança. O Senhor Roberto Jaeger manifestou o interesse do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre – SINDILOJAS em contribuir para a implementação da proposta que prevê a instalação de câmeras de vídeo para monitorar o Centro da Cidade. Também, dissertou sobre os resultados de experiência semelhante praticada no Município de Novo Hamburgo – RS, declarando que, nos locais onde existe o monitoramento eletrônico, o número de ocorrências policiais diminuiu. A seguir, o Vereador Wilton Araújo, presidindo os trabalhos, e os Senhores Helena Bonumá e Roberto Jaeger externaram suas considerações finais acerca do tema em debate, manifestando sua intenção em continuar discutindo o assunto em diversas instâncias de atuação política e social. Às onze horas e vinte e um minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Wilton Araújo e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Bom-dia. Estamos dando início a esta Sessão Especial para tratar sobre o problema de segurança na capital Porto Alegre e, em especial, o assunto sobre monitoramento eletrônico de áreas de grande periculosidade, não só no Centro da Cidade, mas também em outros pontos da cidade de Porto Alegre, onde há áreas de ocorrência de crimes, roubos, enfim.

Para nossa honra, a Câmara Municipal conta com a presença do Ex.mo Sr. José Otávio Germano, Secretário Estadual da Justiça e da Segurança e Deputado; da Sr.ª Helena Bonumá, Secretária Municipal de Segurança e Direitos Humanos; do Coronel Airton Carlos da Costa, Comandante do Policiamento da Capital; do Delegado Paulo César Jardim, Diretor do Departamento de Policiamento Metropolitano; e do Sr. Roberto Jaeger, Diretor Comercial representante do SINDILOJAS. Também contamos com as presenças dos Vereadores Sebastião Melo, João Carlos Nedel e Carlos Pestana.

Este é um assunto que há algum tempo vem sendo tratado em Porto Alegre e há vontades já manifestas do SINDILOJAS de, inclusive, patrocinar – essas informações advêm da imprensa – a instalação desse monitoramento eletrônico. Também há manifestação favorável do Sr. Secretário quanto a esse monitoramento. A Prefeitura Municipal também precisa dar o seu aval, dizer da sua vontade. Em épocas passadas, o Ver. Adeli Sell, hoje Secretário de Indústria e Comércio, também se manifestou favoravelmente. O assunto está posto e gostaríamos, na introdução desta Sessão Especial, de passar a palavra ao Secretário José Otávio Germano, para que pudesse colocar a posição da Secretaria, não só sobre este assunto, mas também sobre a segurança da Capital como um todo. Sabemos que há a intenção e as ações que estão sendo desenvolvidas pela Secretaria que estão mudando o perfil da segurança em Porto Alegre – gostaríamos que o Sr. Secretário da Justiça e da Segurança aprofundasse isso -, e que se detivesse também nessa questão do monitoramento eletrônico.

 

O SR. JOSÉ OTÁVIO GERMANO: Bom-dia a todos, queria cumprimentar e agradecer o convite formulado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, neste ato aqui representado pelo Vereador proponente, Ver. Wilton Araújo, cumprimentar a Ver.ª Helena Bonumá, Secretária Municipal de Segurança e Direitos Humanos, com quem temos tido momentos muito proveitosos e respeitosos na busca de um melhor entendimento sobre as questões especialmente de Segurança Pública de Porto Alegre; queria cumprimentar e saudar os demais Vereadores aqui presentes, Ver. Carlos Pestana, estava aqui o Ver. Sebastião Melo, Ver. João Carlos Nedel; dizer da minha alegria em poder estar aqui nesta Casa Legislativa; o Dr. Roberto Jaeger, que é Diretor do nosso SINDILOJAS; apresentar, Ver. Wilton Araújo, o Coronel Airton Carlos da Costa, que é o Comandante do Policiamento da Capital; o Coronel Cunha, que é o Comandante do 9.º BPM, que tem a responsabilidade, ao lado do Major Altair, que é o Subcomandante do Policiamento Ostensivo da região central de Porto Alegre; o Delegado Paulo César Jardim, que é Diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, que está aqui ao meu lado, que tem a responsabilidade da Região Metropolitana na Polícia Civil; e demais autoridades aqui presentes, senhores e senhoras da imprensa, senhores e senhoras que assistem a esta reunião.

Eu diria, Ver. Wilton Araújo, que situações como esta, na verdade, são muito proveitosas. E a Segurança Pública, mais do que nunca, mais do que em qualquer outro tempo, exige, hoje, a participação de todos. A Segurança Pública precisa ser - na visão do Governo do Estado - executada, ser exercida pelos órgãos policiais: Brigada Militar, Polícia Civil; mas ela precisa ser, aliás, é o que dispõe a Constituição Federal no seu art. 144, uma responsabilidade de todos. E a Câmara de Porto Alegre, através da sua proposição, dá um passo importante nesse sentido, e por isso nós estamos aqui presentes, com a alta cúpula do Comando de Policiamento Civil e Militar de Porto Alegre, além da minha própria presença, e, repito, sempre na agradável companhia da Vereadora e Secretária Helena Bonumá, para estender a nossa mão, estender o nosso convívio, buscar subsídios, buscar aprimorar relações com a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que, por essência, representa os moradores de Porto Alegre, tem a legitimidade para representar os moradores de Porto Alegre.

Portanto, eu diria, em uma primeira manifestação, que nós temos, através do Comando do Policiamento Ostensivo do Coronel Costa e dos Comandantes dos batalhões e do Regimento que estão sediados em Porto Alegre, estamos tentado imprimir um policiamento ostensivo, que, dentro da legislação, dentro da Constituição seja importante para que a Cidade possa se movimentar, para que os cidadãos possam viver, para que os cidadãos possam perceber a presença da Brigada Militar. Ou seja, como item primeiro do nosso Plano de Governo uma presença forte, no que diz respeito à presença nas ruas, nos parques, nos bairros, do policiamento ostensivo, como maneira e como elemento capaz de fazer com que se reprima e se imponham condições de prevenção a situações de delitos que, eventualmente, possam surgir. Por parte da Polícia Civil, um aprimoramento do serviço policial de investigação, através das delegacias especializadas, especialmente, a partir da reorganização do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico, com sede própria, agora, em Porto Alegre, que vem fazendo um trabalho muito forte no que diz respeito ao combate ao tráfico de drogas. A reestruturação do DEIC – que é o Departamento Estadual de Investigações Criminais –, que tem uma responsabilidade sobre as questões especiais envolvendo a Polícia Civil. E outras delegacias especializadas como furto e roubo de veículos, as DEFRECs e outras tantas que nós temos imposto a vontade e o desejo de, ao se especializarem e serem especializadas, poderem, mais eficientemente, atingir os seus objetivos. A polícia precisa ser qualificada, no que diz respeito aos seus profissionais, através de programas feitos em conjunto com o Governo Federal, na busca de recursos que visem a capacitação, o treinamento dos nossos policiais, sejam eles civis, sejam eles policiais militares.

E, especialmente, a busca daquilo que eu disse no início e que repito agora, e que talvez seja o grande eixo da nossa plataforma de ação, que é a parceria, a busca permanente da parceria com a comunidade organizada. Os agentes da Segurança Pública trabalham com déficit muito grande no Estado do Rio Grande do Sul, e isso se reflete também em Porto Alegre. No âmbito da Brigada Militar nós temos dez mil PMs a menos do que deveríamos ter, nós somos, hoje, vinte e três mil; quando, na verdade, deveríamos ser trinta e três mil. E no âmbito da Polícia Civil, por mais incrível que possa parecer, nós somos hoje quatro mil e quatrocentos servidores, mais ou menos, contra quatro mil e oitocentos que éramos há 23 anos. Com sete milhões de habitantes nós éramos quatro mil e oitocentos servidores na Polícia Civil, passados 23 anos, chegando quase à beira dos onze milhões de habitantes, nós temos quatrocentos servidores a menos, o que reflete a dificuldade total na busca de um serviço que possa ser eficiente e qualificado, tendo em vista a desproporção completamente absurda do número crescente de população com a diminuição do número de policiais civis. E, obviamente, que os desajustes sociais advindos nesse tempo todo, como a falta de condições desde o nascimento, as pessoas de camada social de menor poder aquisitivo, passando pela falta de condições de família, de casa, de moradia, passando pelas dificuldades de assistência médica, social, passando pela crise de desemprego crescente neste País, fazendo com que, em decorrência das causas sociais advindas dessa desestruturação social, haja hoje um índice maior de criminalidade, um índice maior de violência. Claro que os cidadãos de bem, as pessoas que pagam os seus impostos, as pessoas que estão devidamente estabelecidas têm o direito de ter segurança pública, e só o Estado lhes pode oferecer. Seria muito simples apenas querer atacar os efeitos dessa desestrutura, tendo a preocupação específica com os crimes e os desajustes que acontecem. Mas, na Secretaria da Justiça e da Segurança, não queremos virar as costas ou deixar de prestar a atenção àquilo que está acontecendo no nosso Mundo, no nosso País, no nosso Estado, na nossa Cidade e, em decorrência disso, meu prezado Ver. Elói Guimarães, a quem saúdo e cumprimento, nosso Vice-Presidente, em decorrência dessas coisas todas, não queremos virar as costas e ficar alienados aos problemas que surgem, que existem, que são verdadeiros dentro da comunidade.

Acreditamos muito na parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, com as Prefeituras de todas as cidades do nosso Estado, mas, obviamente, estamos discutindo aqui Porto Alegre e, em cima disso, temos convênios firmados com a Prefeitura de Porto Alegre, temos parcerias estabelecidas com o Município, com a União, com entidades privadas, o que tem trazido resultados muito positivos para a grande diminuição de índices de criminalidade no nosso Estado. Para encerrar, Ver. Wilton, ficarão aqui o Coronel Costa, o Coronel Cunha e o Delegado Jardim, que poderão aprofundar mais o debate. Eu fico ainda mais um pouco, mas tenho, daqui a pouco, um outro compromisso previamente agendado, eu estava aqui às 10h.

Eu quero dizer da nossa visão extraída, especialmente da Brigada Militar, positiva e favorável com relação à eventual contribuição que um policiamento, por meio das câmaras de vídeo, possa contribuir, especialmente com o Centro de Porto Alegre. Nós pensamos que só isso não vai resolver, obviamente, nem queremos que se resolva a partir só desse monitoramento, que tem trazido experiências muito positivas em outras cidades, sendo que Novo Hamburgo é um exemplo, para ficarmos apenas na Região Metropolitana, mas dentro da escassez de recursos públicos que existe, havendo a boa vontade do SINDILOJAS em querer, senão patrocinar todo o Projeto, mas patrocinar boa parte desse Projeto, por intermédio de uma exposição que nos foi feita lá no auditório da Secretaria da Justiça e da Segurança, com experiências muito positivas que nos foram relatadas e mostradas. Diante da especialização do criminoso, cada vez mais audacioso, cada vez mais especializado naquilo que faz, nós não achamos que seria dispensável a colaboração ou a contribuição que, eventualmente, as câmaras que, obviamente, teriam de estar regulamentadas por legislação própria, preservando e reservando tudo aquilo que a Constituição reserva aos direitos dos cidadãos... Falando claro, ninguém quer espiar cidadão nenhum, ninguém quer ficar cuidando cidadão nenhum; o que se quer é tentar, por intermédio desse tipo de ajuda, a Brigada Militar e até a Polícia Civil, mas, especialmente, a Brigada Militar, que tem a missão do policiamento ostensivo, dar uma colaboração tecnológica que vise a intimidar a ação dos bandidos, dos delinqüentes, dos criminosos, e proteger um pouquinho mais os lojistas, os funcionários, os servidores que trabalham no comércio de Porto Alegre, que se sentirão mais protegidos, e oferecendo à Brigada Militar um sistema on line de acompanhamento, que os olhos humanos não permitem, com relação ao bom andamento das questões relacionadas com a segurança pública.

Então, a nossa boa vontade existe; obviamente que nós precisamos ter a companhia e a parceria da Prefeitura de Porto Alegre que é quem tem a responsabilidade sobre a cidade de Porto Alegre. Não penso que esta seja uma questão resolvida e radicalizada nem na Prefeitura, nem no Estado; nós estamos dispostos a conversar, dialogar e debater, mas deixo, de antemão, uma posição nossa favorável, por várias razões, como disse: a escassez dos recursos públicos, a boa vontade da sociedade organizada através do SINDILOJAS, a disponibilidade de oferecimento material com recursos para que esse sistema possa ser adquirido e tudo aquilo que, tecnicamente, traz de resultados positivos de algo que no mundo inteiro existe e nas grandes cidades todas acontece, lá na Região Metropolitana tem acontecido muito. Eu recebi a Prefeitura de Gramado, também, como exemplo de Prefeitura que quer fazer a implantação desse tipo de sistema. Nós vemos com muito bons olhos, mas, claro, nos reservamos, aqui, àquilo que a Câmara de Vereadores entender, Poder constituído e que representa os cidadãos de Porto Alegre; àquilo que a Prefeitura, através da Secretária Helena Bonumá entender, também, ou seja, nossa posição é absolutamente tranqüila, querendo, apenas, oferecer a nossa boa vontade no sentido de tentar contribuir e colaborar com a solução deste problema. Queremos agradecer a Vossa Excelência pela oportunidade do convite, de trazer à Câmara de Vereadores as autoridades que têm a responsabilidade do comando e policiamento, tanto militares quanto da Polícia Civil, para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e, reiterar nossa boa vontade de permanentemente estar aqui ajudando e colaborando com esta Casa do Povo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Muito obrigado, Secretário. Gostaria de também ouvir a Secretária Helena Bonumá. Parece que o Coronel Costa também teria uma contribuição mais técnica a nos dar, e o SINDILOJAS, posteriormente. Registramos a presença do Ver. Elói Guimarães, que nos brinda com sua presença.

A Secretária Helena está com a palavra.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Meu bom-dia a todos os presentes: Secretário José Otávio Germano; Presidente desta Sessão Ver. Wilton Araújo e os Vereadores Elói Guimarães, Carlos Pestana, João Carlos Nedel; o Sr. Roberto Jaeger; o Coronel Airton Carlos da Costa e o Delegado Paulo Cesar Jardim. É sempre um prazer voltar a esta Câmara de Vereadores. É importante, também, que a Câmara nos dê esta oportunidade, de estarmos debatendo, aqui, apresentando as nossas ações em relação à segurança pública. Esta Câmara foi parceira na aprovação da nossa Secretaria, que é uma Secretaria nova, de Direito Humanos e Segurança Urbana. Essa Secretaria tem, como incumbência, a continuidade do trabalho na área de direitos humanos, que, no Governo do Município, se faz desde 1997, e incorporando a área de segurança urbana. Nós temos, aqui, o Coronel Brenner - que nos acompanha -, que é o Coordenador dessa área de Segurança Urbana e era Comandante-Adjunto na Brigada Militar, no Governo passado; temos o Tenente-Coronel Martin, que trabalhava no CIOSP, e também está integrando a nossa Secretaria no Núcleo de Informações da Secretaria.

Estamos trabalhando dentro da área da segurança urbana. Já que tivemos a oportunidade de conversar com o Secretário, e temos, de fato, nos encontrado em várias oportunidades, porque entendemos que Porto Alegre, por ser a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, merece também o esforço dos órgãos públicos no sentido de construirmos parcerias efetivas no combate à violência e à criminalidade na nossa Cidade. Temos tido, de parte da Secretaria Estadual, do Comando da Brigada Militar, do Delegado também, essa acolhida. Então, estamos estruturando o nosso trabalho na área da segurança urbana em duas áreas: a Guarda Municipal, que é de competência nossa e que nós estamos qualificando. A nossa Guarda, evidentemente, mantém as suas atribuições constitucionais, mas, com o Projeto que nós aprovamos aqui, nós ficamos com melhores condições de qualificar essa Guarda para otimizar a sua ação dentro das políticas públicas municipais -; e a área da segurança urbana, como nós colocamos. Na área da segurança nós temos um trabalho que é, basicamente, de prevenção, ele é complementar. Pela forma como nós o concebemos, ele é complementar às ações da Segurança Pública. É nesse sentido que nós buscamos sempre a parceria com os órgãos da Segurança, também com o Ministério Público - procuramos também dar conhecimento do nosso trabalho ao Poder Judiciário -, para que as demais instituições possam acompanhar o que fazemos para que haja essa complementaridade necessária para que as nossas ações tenham mais eficácia, lá na ponta, onde elas têm de se realizar.

Então, nos estamos estruturando o trabalho com o caráter de prevenção: de estarmos capacitando os nossos órgãos públicos municipais para que, a partir da sua rede de atendimento básico à comunidade, lá onde estão os nossos serviços, as nossas redes de atendimento estão, possamos ter a capacidade de responder de forma preventiva, articulando com a necessária intervenção dos órgãos de Segurança, das polícias nesses locais. Portanto, que o Município seja um parceiro mais efetivo, firmando uma parceria, não apenas eventual, quando acontecem episódios de violência e criminalidade, mas permanentemente, de forma que possamos estar desenvolvendo nesse processo ações preventivas que qualifiquem as nossas ações públicas municipais e que nos dêem capacidade de fazer, frente a esse processo de violência, o que sabemos que é crescente. É importante termos a clareza de que a situação de vulnerabilidade social em que o nosso povo vive - um País com 500 e poucos anos de exclusão, com discriminação, miséria e violência. Essa situação de vulnerabilidade, evidentemente, faz com que alguns setores da nossa população sejam mais vulneráveis e até utilizados para esse propósito do crime organizado e da violência. Mas é muito importante que saibamos enxergar mais além, que o nosso grande problema no País é o crescimento do crime organizado. Esse crime que tem suas ramificações no colarinho branco, que tem suas ramificações, infelizmente, como nós já comprovamos na CPI do narcotráfico no Congresso Nacional e recentemente nos episódios do Espírito Santo, nos próprios Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –; como infelizmente às vezes constatamos em algumas situações. Então, nós sabemos que essa rede do crime organizado tem crescido muito e articula suas ramificações, os seus operários, vamos dizer assim, os seus trabalhadores nas populações de maior vulnerabilidade social, que são aquelas populações que nós atendemos via a nossa rede básica do atendimento. Então, nós entendemos que, de fato, há todo um trabalho muito importante de parceria a ser feito entre os órgãos municipais, estaduais e os órgãos que tem competência específica na área da segurança pública, para que a gente possa estar fazendo frente a essa situação. E é nessa perspectiva que nos colocamos.

Em relação ao tema das câmeras de vídeo, que o Ver. Wilton Araújo nos possibilita a discussão, de fato, foi um tema debatido já desde o início de nosso quarto governo da Administração Popular em Porto Alegre, onde o nosso Governo esboçou, em parceria com a Segurança Pública, naquela ocasião, a possibilidade de estarmos contemplando o Centro da nossa Cidade com câmeras de vídeo de telemonitoramento, como uma forma de termos um instrumento mais específico. Eu não estava no Governo naquela ocasião, eu presidia, nesta Casa, uma Comissão Especial de Segurança Pública, mas nós acompanhamos esse debate e entendemos que, efetivamente, essas câmeras são um instrumento importante de monitoramento. Mas, do nosso ponto de vista, elas são mais efetivas para trânsito e para outros usos privados do que propriamente num local público desse tipo. Mas o Governo Municipal, desde aquela ocasião, entendeu que deveria se debruçar sobre essa questão, buscar constituir parcerias da Secretaria de Segurança Pública com o SINDILOJAS, com os empresários do centro da Cidade, com o Ministério Público que também se envolveu no processo, a partir da preocupação, que com o monitoramento, a sua utilização e com o resguardo dessas imagens, no tratamento dado a essas imagens. Então, se fez um grupo de trabalho que estudou a questão. Do ponto de vista do Município, o que nós constatamos é que essa implantação teria um custo muito superior aos recursos que o Município poderia investir em segurança na área central da Cidade, foi aí que se esboçou a necessidade de uma parceria que tivesse o financiamento das câmeras. O Município poderia, então, estar contribuindo com a questão de algum serviço auxiliar que pudesse complementar esse processo. Nós não somos contra, de fato, às câmeras como um instrumento de monitoramento que auxilie na área da Segurança Pública; apenas, nós ponderamos que a conta que nós fizemos, e, particularmente, no ano passado, quando eu assumi a Secretaria de Governo tive a oportunidade de debater bastante isso, é que nós achávamos que a relação custo/benefício não valeria a pena. Tecnicamente se nós formos, por exemplo, analisar a situação de Novo Hamburgo, pegando os dados, o que se verifica? A criminalidade, na região central de Novo Hamburgo, no geral, cresceu. Esses são os dados do SISPE, os dados da Segurança Público do Estado. Se nós formos comparar os períodos de um ano antes da câmera e um ano depois da implantação da câmera, ou seja, 2001, 2002 - treze câmeras foram implantadas em abril de 2002 -, vemos que cresceu a criminalidade na região central da Cidade. O que verificamos? Que ali onde há câmera, os eventos, vamos dizer assim, diminuem; pelo menos num período inicial, que é o que a gente vivencia, diminui. Então, ela dá conta de quê? A câmera é um instrumento efetivo ali onde ela está e ali onde ela alcança. Então, de fato, entendemos que o grande comércio do Centro da Cidade reivindique e se sensibilize por um instrumento como esse, mas nós, que somos gestores públicos, que temos tomar conta da Cidade inteira, tencionamo-nos ao verificar que a região central da Cidade não é a região de maior problema, em termos da criminalidade e da violência. O problema da criminalidade, da violência, dos índices de homicídios, particularmente, que é o evento criminoso mais pesado, o atentado contra a vida, não se dá na região central da Cidade. Então, nós temos que pensar e equacionar os nossos recursos nesse contexto. Evidentemente seria impossível colocarmos câmeras de vídeo na Cidade inteira, porque o monitoramento dessa situação, ou seja, a manutenção e a garantia da efetividade desse serviço é cara. Exige monitoramento permanente, portanto, são homens da Segurança Pública que saem para ficar monitorando o vídeo e homens da Segurança Pública que ficam articulados com o processo de resposta dessa situação. Mas, evidentemente, a Prefeitura recolhe a preocupação da Câmara de Vereadores, do SINDILOJAS, como coisas importantes, e se coloca à disposição para ser parceira, para sentar e verificar o que pode ser feito com essas ponderações. Do nosso ponto de vista, não é o instrumento mais efetivo, acho que nada substitui a ação policial mesmo e as ações de prevenção; podemos ter, no sentido de estar qualificando a nossa Cidade em termos de iluminação, de limpeza urbana, de poda de árvore, enfim, de criar condições para a segurança. E, principalmente, a questão da mobilização e o envolvimento da comunidade organizada, porque essa sim, entendemos que - e o Secretário mesmo colocava sobre isso - esse é o elemento fundamental, termos a parceria efetiva da sociedade organizada nas campanhas, nas ações de prevenção e combate à violência.

A sociedade tem de ser parceira no sentido de entender que Segurança Pública, cada vez menos, é um problema apenas da polícia resolver; a polícia tem de ter a parceria dos demais órgãos públicos e todos, mesmo aqueles que não são de execução, como a Câmara de Vereadores, tem, sim, um papel importante na discussão, na fiscalização, nas sugestões, na elaboração de políticas. Então, é um compromisso de todos os órgãos públicos o tema segurança e, principalmente, a parceria da sociedade organizada, que é quem vivencia as situações concretas na nossa Cidade.

Fico por aqui, e à disposição, temos os nossos companheiros, coordenador da nossa Secretaria na área da Segurança, o Coronel Brenner, e o Martin, que tem trabalhado, sistematicamente, as informações em relação à utilização e os efeitos das câmeras de vídeo, por exemplo, em Novo Hamburgo, que é o exemplo que pegamos mais para poder analisar. Entendemos que pode ser um instrumento. Sempre trabalhamos com a idéia de que a relação custo/benefício não compensaria, pela escassez de recursos que temos, e como vocês sabem, e os Vereadores são parceiros nesse sentido, sabem que a nossa Secretaria foi criada depois da votação do Orçamento na Câmara, não temos, portanto, nem orçamento, não é, Ver. João Carlos Nedel, tão zeloso em matéria orçamentária, e, portanto, o Município tem recursos escassos, mas acreditamos que podemos avançar neste debate com todas as parcerias aqui esboçadas. Obrigada, Ver. Wilton Araújo.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Bem, agradecemos à Secretária.

Registramos as presenças do gabinete do Deputado Berfran Rosado e do Deputado Nelson Proença.

Eu gostaria de solicitar à Secretária que, por mais um minuto, pudesse nos dizer de que forma a Secretaria, embora seja nova, recente, e tenha poucos recursos, poderia, nesse processo específico, colaborar. A Prefeitura seria parceira de que forma? De que forma poderíamos avançar, na parceria, nesse assunto especificamente? Não sei se já tem uma idéia de que forma isso poderia ser feito.

 

 A SRA. HELENA BONUMÁ: Bem, Ver. Wilton de Araújo, é como estava dizendo. No ano passado eu não pertencia ao Governo, quando se formou esse grupo em que foram esboçadas essas questões.

Pegando os documentos, o que a gente verifica? O Governo, de certa forma - estamos tratando da área central da Cidade -, já fez algumas ações com a Secretaria de Segurança na área central da Cidade. No ano passado repassamos trinta motos à Brigada Militar e a nossa compreensão, o fato que nos levou, enquanto Governo Municipal, a repassar trinta motos à Brigada Militar é que principalmente gostaríamos que fossem utilizadas no Centro da Cidade, entendendo que elas dariam um melhor deslocamento num lugar onde o trânsito é mais congestionado, dando uma mobilidade melhor para o tipo de problema que se enfrenta no Centro da Cidade. Essa foi uma forma de colaboração.

Nós temos, permanentemente, dentro da Prefeitura, um grupo que trabalha a questão do Centro, que seguido está em contato com a FEDERASUL, com o SINDILOJAS fazendo discussões de pontos eventuais ou da própria política para o Centro da Cidade.

Nós também temos a fiscalização do comércio ambulante do Centro da Cidade, que é um trabalho permanente da Prefeitura, e que estamos procurando qualificar, agora com a presença do Ver. Adeli Sell.

Nós também temos a cedência do abrigo, antigo abrigo dos bondes, onde o 9.º BPM está instalado. Ali, atrás do Chalé da Praça XV. É uma zona bem central.

No processo anterior de discussão, o que se apontava ali era o problema do monitoramento, onde entendíamos que não teríamos nenhuma competência, nem condições de estar contribuindo com o monitoramento. E o problema de implantação do sistema de fibra ótica, que é uma competência da PROCEMPA no Centro da Cidade, e que, desse ponto de vista, poderíamos estar discutindo. Isso nós poderíamos remeter ao Governo para discutir, porque também teríamos que ouvir o Secretário, as possibilidades concretas dadas para este ano, uma vez que isso não estava, vamos dizer, planejado, mas, evidentemente, podemos sentar para discutir.

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Obrigado, Secretária. Agradecemos ao Sr. Secretário José Germano pela presença. A Câmara está sempre a sua disposição. O Ver. Elói Guimarães, Vice-Presidente da Casa, acompanha o Sr. Secretário.

O Coronel Airton Costa, Comandante do Policiamento da Capital, está com a palavra para colocar a visão que a Brigada tem sobre o Projeto.

 

O SR. AIRTON CARLOS DA COSTA: Ex.mo Sr. Vereador, demais autoridades já citadas que compõem este painel e este Plenário, em primeiro lugar, gostaria de colocar que realmente a situação sobre o aspecto do emprego das câmeras, por si só, não vai resolver o problema, se não houver a participação do policiamento ostensivo. Nesse aspecto do policiamento ostensivo, temos adotado medidas no sentido de maior visibilidade em todos os pontos da Cidade, para que as pessoas tenham como referência e que esse fator, que realmente é indiscutível, contribua para a sensação de segurança das pessoas. É inegável que a colocação das câmeras é uma ferramenta indiscutível no aspecto do controle da área central, haja vista que pelo Centro circulam milhares de pessoas e que, realmente, a quantidade de efetivo disponível no Centro desaparece com a quantidade de pessoas que por ali circula. Então, pela qualidade tecnológica que nos foi demonstrada numa breve apresentação, essa ferramenta possibilita um monitoramento mais apurado no sentido de controle daquela área central. A Secretária colocou que talvez os problemas maiores não estejam na área central, mas temos que ter como referência o seguinte: embora não estando na área central, todos os fatos que acontecem na área central têm um reflexo, não só para toda Porto Alegre, mas para todo Estado, e, pela área central, as pessoas, mesmo as de baixa renda, circulam diariamente, seja para trocar de ônibus, transporte coletivo, ou para usar o próprio comércio.

Pego como exemplo a situação dos bancos. Houve épocas em que os bancos não tinham dispositivo de segurança, como a porta giratória. Mas, a partir da colocação de portas giratórias, câmeras e todos os instrumentos tecnológicos, evidentemente vão-se criando maiores dificuldades, inibindo a ação dos delinqüentes. Essa situação dos bancos é um fato bem típico, e, evidentemente, eles vão-se deslocar para outras áreas, mas aí teremos que ter medidas também para as outras áreas. Se nós conseguirmos garantir, nesse espaço onde está a concentração do comércio, de lojas, de bancos e das pessoas que circulam em função dos terminais de ônibus, um acompanhamento e monitoramento maior, parece-me uma ferramenta muito importante para a atividade do policiamento ostensivo. Não quer dizer que, com isso, nós estaremos resolvendo todo o problema, mas nesta parte estará resolvido, e isso vai contribuir com aquela sensação se segurança das pessoas que por ali circulam.

Outro exemplo que temos colocado é que não é pela quantidade de ocorrências, de incidências que se pode verificar o nível de sensação de insegurança das pessoas. Por exemplo, se considerarmos o número de viagens diárias, o número de passageiros diários, os casos de assalto a ônibus são quase insignificantes, porém o efeito negativo que traz à comunidade, especialmente à comunidade de baixa renda, que utiliza o transporte, é muito grande. Então, em função disso, a gente tem tido uma atenção especial também nesses aspectos. Eu trago isto para reportar à situação do Centro. Se no Centro, por onde circula grande quantidade de pessoas, nós tivermos condições de pelo menos garantir, naquele espaço ali, melhores condições de segurança, utilizando, além da presença do policiamento ostensivo, que eu reitero que é fundamental - sem ela não seria efetivado esse aspecto da segurança -, a colocação das câmeras, que vai contribuir nesse controle.

Evidentemente tem o aspecto do custo, que também foi levantado. Como o Secretário colocou antes, há a disponibilidade do SINDILOJAS de participar e também a possibilidade de utilizar essa base já instalada de fibra ótica do Município para diminuir os custos. Evidentemente é todo um conjunto de ações, e essa seria mais uma das ações. Aquelas outras ações colocadas, que também estamos desenvolvendo nos bairros, com várias parcerias, vamos intensificar, porque a solução da segurança depende de um conjunto de ações de toda a sociedade, de todos os órgãos da sociedade, de todas as esferas, municipal, estadual e federal, e especialmente da comunidade, no sentido da sua colaboração e contribuição para construir uma melhor segurança.

Então, dentro dessa situação, nós assistimos à apresentação desse Projeto, entendemos e conversamos com o comandante local da área central, haja vista que é antigo esse estudo sobre a implantação de câmeras e dizer que ela por si só seria a solução, seria demais. Ela é uma ferramenta a mais, mas é uma ferramenta de grande potencial e que pode nos assessorar para monitoramento e para uma ação mais presente e dar uma sensação, para que as pessoas que necessitam circular pelo Centro, que trabalham no comércio ou apenas transitam pelas áreas de lazer se sintam seguras, sintam que a Polícia está presente e que pode rapidamente intervir numa situação de segurança.

Agradeço pela oportunidade de estar aqui e aproveito o ensejo para colocar que vários esforços têm sido feito, no sentido especialmente de dar uma visibilidade maior ao policiamento ostensivo, de mapear as situações onde estão ocorrendo os problemas para tentar, através das ações de polícia ostensiva, minimizar possíveis atos delinqüentes, e um dos fatos é em termos de apreensão que temos feito de foragidos, tanto do sistema prisional como pessoas com mandado de prisão, que, potencialmente, praticariam seus delitos. Então eu digo assim: a quantidade de armas e munições apreendidas é um indicador, já que não temos como mensurar quantos delitos não ocorreram pela nossa presença ou pela nossa ação, mas pelo menos podemos presumir, em termos, que o número de armas e munições apreendidas pode ter sido o número de vidas poupadas em possíveis delitos. Agradeço mais uma vez pelo convite para estar aqui.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Obrigado, Coronel.

Pediria que o representante do SINDILOJAS nos desse a posição do SINDILOJAS e a disposição do SINDILOJAS no tocante, inclusive, a patrocinar, total ou parcialmente. O que a Câmara quer é ver mais segurança, como também o SINDILOJAS, então a palavra do SINDILOJAS, para nós, é importantíssima, até para ver de que forma se poderia colocar em prática esse monitoramento o mais rápido possível.

 

O SR. ROBERTO JAEGER: Bom-dia a todos. Permito-me até expressar a minha alegria no sentido de que me parece que se vive um bom momento, um momento em que há uma conjugação de esforços nas esferas municipal e estadual, no sentido de melhorar a segurança.

Acho que é muito difícil a gente realizar avanços no sentido da segurança. É um tema muito complexo, vide o que acontece em outros recantos do nosso País, e acho que é importantíssimo podermos agir cada vez mais preventivamente para evitar situações mais complexas.

Então, neste sentido, existe este estudo de aprimoramento das Câmaras, que já é um estudo de alguns anos. Lembro de que, já há quatro, cinco anos, talvez em épocas mais remotas, falava-se em temas deste tipo. Houve momentos em que este projeto esteve prestes a ser colocado em prática, infelizmente não ocorreu por uma série de motivos, mas vejo que, neste momento, temos condições de levar o assunto adiante.

O comércio lojista da Capital é composto por mais de doze mil empresas em todos os bairros da Cidade, e a categoria de funcionários que está ligada a essas empresas é em torno de quarenta e cinco mil pessoas. Também podem ser usuários da entidade qualquer outra pessoa jurídica dos nossos diversos serviços, aí nós não temos a representação, mas qualquer empresa pode ser usuária da entidade. Nesse sentido o nosso interesse é que uma vez que se tenha feito esse contato inicial entre os diversos órgãos públicos envolvidos, nós possamos criar um grupo de trabalho e criar um tipo de consórcio no sentido de viabilizar a instalação desses equipamentos. Com relação aos equipamentos, eles evoluíram bastante nesses últimos anos em termos de tecnologia; hoje a tecnologia é muito rápida, a cada dia ela evolui barbaramente. Ainda hoje se viu uma notícia nos jornais de que uma escola estaria monitorando os seus bebês, e esse acesso pode ser repassado aos pais instantaneamente. Então, são evoluções que a gente vem acompanhando. Na área do comércio, especificamente, as empresas sempre tiveram a preocupação com a segurança na medida em que os órgãos públicos têm a sua capacidade limitada até em função de recursos financeiros, e sempre procuram soluções que nem sempre são as ideais: tratam de ter algum tipo de segurança interna da loja, monitoram as lojas através de câmeras, às vezes tentam algumas iniciativas na parte externa da loja, no sentido de ter alguém ajudando um pouco na segurança, coisa que até é um pouco questionável. Então sempre se procura alguma forma de melhorar e contribuir com a segurança. Nesse sentido, o que nos ocorre é que na medida em que nós temos um orçamento inicial de uma empresa qualificada, e que inclusive instalou esses equipamentos em Novo Hamburgo, com um orçamento em torno de 500 mil reais, que pode até ser um pouco reduzido em função de parcerias, inclusive com o Município, utilizando talvez o cabeamento e com isso possa-se conseguir reduzir o orçamento. Fica ainda a questão de onde será instalado o monitoramento; de repente o Município pode contribuir com algum prédio existente. Há toda uma conversação que pode ser iniciada. Em Novo Hamburgo essas câmeras já foram testadas e instaladas, como colocou o Secretário. Há poucos dias encontrei com o Secretário Municipal de Segurança do município de Novo Hamburgo, e ele me relatou que está muito satisfeito com a situação. Obviamente, tanto em termos de equipamento, veículos, efetivo policial e até as câmeras de monitoramento, na medida em que se coloca uma pessoa, um policial, um veículo ou um equipamento naquela área vai aumentar a sensação de segurança. Isso ocorreria não só em relação às câmeras, onde estarão as câmeras, obviamente, é um recurso a mais, mas não temos condições de ter ao lado de cada cidadão um policial, um veículo ou uma câmera. Então, esse problema de igualdade em relação aos diversos bairros da Cidade, às diversas camadas da população, terminamos agindo por prioridade. Como disse no início, nós representamos toda a cidade de Porto Alegre em termos de comércio lojista e, obviamente, uma vez testado esse sistema no Centro das Cidade, que é o local onde tem o maior trânsito de pessoas e o maior número de lojas, obviamente queremos estender esse benefício para outros setores da Cidade, talvez, inicialmente, no centro dos bairros da Cidade, onde também há um maior número de lojas e de população envolvida nessa questão.

Eu até - enquanto os que me antecederam estavam conversando - estava imaginando que, muitas vezes, uma empresa gasta num efetivo - que não a Brigada Militar - para auxiliar na segurança de uma forma indireta ou coloca lá o equipamento interno investe quantos mil reais nesse sentido? Vamos criar uma hipótese em que 500 mil reais serão divididos por quinhentas empresas, porque no Centro existe mais de quinhentas empresas, não só na área lojista, mas nos outros setores de atividade, então, com mil reais o que uma empresa pode ter de resultado, de contrapartida no sentido de auxiliar e resolver a sua situação de segurança? Então, parece-me que tendo esse ponto inicial, onde as esferas envolvidas estão no sentido de contribuir com a situação, de ser favorável à instalação das câmeras, poderemos, então, iniciar com um grupo de trabalho, fazer diversos contatos e tentarmos avançar na questão financeira, ou seja, tendo mais e mais adesões de empresas dos diversos ramos de atividade. Parece que não se chegou a citar aqui qual é a área de instalação inicial, mas, a grosso modo, seria na Rua dos Andradas, na Av. Otávio Rocha, na Rua Dr. Flores, na Rua Vigário José Inácio, na Rua Uruguai, na Siqueira Campos, enfim, esse grande miolo central - imaginem quantas empresas e qual é a população envolvida nesse perímetro.

Portanto, diante disso, vemo-nos motivados a continuar com esse grupo de trabalho, estudar mais detalhes que possam estar envolvidos nessa questão e, no momento posterior, que, ao meu ver, seria muito breve, nós iniciarmos esse contato com as empresas no sentido de coleta de recursos.

Então, volto a dizer, enquanto entidade, que estamos à disposição e temos ainda a máxima intenção de viabilizar o mais breve possível esse projeto e quem sabe até, dentro desse primeiro semestre, possamos ter uma surpresa positiva nesse sentido. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Agradecemos o Sr. Roberto Jaeger, Diretor do SINDILOJAS. Quanto à duvida para o local de instalação, pareceu-me que, quando na fala da Secretária, isso já foi colocado pela Secretária, ou, pelo menos, sugerido. Uma proposta seria o próprio prédio que a Prefeitura disponibiliza, e que já é utilizado pelo 9.º Batalhão, e que poderia, também, acolher isso aí. Parece que nós avançamos muito, e a sugestão de refazer esse grupo de trabalho, do qual a própria Ver.ª Helena Bonumá, hoje, Secretária, já fez parte dele no passado e, que certamente, teria disponibilidade e vontade de montar um novo grupo de trabalho, reacender esse grupo de trabalho. Parece-me, também, que a própria Brigada Militar e a Secretaria de Segurança têm esse entendimento. A Câmara de Vereadores sente-se satisfeita por ter reiniciado essa discussão e poder fazer dela alguma coisa prática e favorável à cidade de Porto Alegre. A Câmara, certamente, está disposta a fazer parte, não como entidade fim, mas como entidade meio, de colaboração, de união, de elo, enfim, de discussão dessa questão da cidade de Porto Alegre, onde há um clamor público nesse sentido. Nós vamos conversar com as entidades, montar esse grupo de trabalho e, rapidamente, iniciar os trabalhos para que ele possa frutificar. Há disponibilidade, e o SINDILOJAS – que é muito prático -, já viu a possibilidade de arrecadar esses recursos. Isso é importante. É claro que, primeiro, eles precisam ser orçados, estudados pelas autoridades e pelos técnicos competentes para que esse orçamento seja – não só o orçamento, mas a capacidade técnica de diminuir a violência no Centro – analisado e colocado em cima desse projeto de monitoramento para, depois, verificamos os orçamentos e a questão da arrecadação. Isso é um processo que pode ser desenvolvido rapidamente e essa é a vontade da Câmara de Vereadores. Nesse sentido, acho que essa reunião foi vitoriosa, e nós vamos, em seguida, marcar uma próxima já com um grupo de trabalho, para o qual eu gostaria que a Secretária e a Secretaria disponibilizassem pessoal, e o SINDILOJAS, certamente, também. Nós podemos, também, ampliar para associações, enfim, pessoas que tenham interesse na segurança da Cidade, na segurança especial do Centro da Cidade.

Eu gostaria de colocar a palavra à disposição da Secretária para finalização da nossa reunião.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Nessa perspectiva, Ver. Wilton Araújo, também nós agradecemos o espaço à Câmara de Vereadores, colocamo-nos à disposição para prosseguir nessa discussão pontual do processo das Câmaras. Nós temos a nossa coordenação de Segurança Urbana, que é responsável por essa área. Nós podemos conversar com o SINDILOJAS no sentido de conhecer melhor a proposta. Eu acho que o encaminhamento está correto: sentar todas as partes envolvidas no processo para que a gente dê seqüência a esse projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Possivelmente, a próxima e primeira reunião deste grupo inicial poderia ser no próprio SINDILOJAS.

 

O SR. ROBERTO JAEGER: Para podermos avançar até o ponto que nós estamos, obviamente, já nos reunimos diversas vezes entre as diversas partes envolvidas para chegar a ter a opinião da Secretaria de Segurança do Município em alguns momentos e alguns contatos informais que se fez com a empresa fornecedora. Quero também dizer que, obviamente, outras entidades representativas da sociedade privada seriam envolvidas, assim como foram no processo anterior. Isso não foi feito nesse momento, porque não teria como se fazer isso se não tivéssemos, pelo menos, uma idéia de algum fornecedor. de valores, da disposição e dos órgãos públicos de permitirem colaborar nesse sentido. No sentido financeiro, obviamente, se a autoridade pública, por meio dos impostos, pudesse dar essa contrapartida totalmente, seria muito bem vinda, até porque a população sempre espera, como um dos pontos principais de contrapartida, a segurança. Mas nós sabemos da complexidade disso e da dificuldade financeira que há tanto em nível de Estado quanto de Município, mas de qualquer maneira estudos seriam...

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Dr. Jaeger, como há 12 anos nós não reajustamos o principal imposto desta Cidade que é o IPTU, nós também não temos o nosso Orçamento atualizado do ponto de vista podermos fazer investimentos. E como eu citei antes, a Segurança Pública não está na estrutura orçamentária de Porto Alegre, até porque não é uma atribuição específica, ainda, diz o Ver. Wilton Araújo. Com certeza nós contamos com a colaboração desta Câmara no sentido de estarmos providenciando o aumento das receitas do Município, para que possamos dar conta dessas situações.

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): É bem-vindo a sociedade organizada colaborar nesse ponto.

 

O SR. ROBERTO JAEGER: Até no sentido da Prefeitura, o que se esperava é o parecer positivo de se aliar ao processo e, também, de uma forma indireta, com algumas ações, ter uma repercussão financeira como, por exemplo, a utilização do prédio, do cabeamento; então, são coisas desse tipo.

Com relação à Secretaria de Segurança do Estado, não sei se já existe um posicionamento final, acredito que não, de, talvez, colaborar com uma parte do processo. Mas eu quero dizer que existe a predisposição da iniciativa privada, através de diversos contatos que têm de ser feitos. E isso é uma coisa muito complexa, vocês sabem da dificuldade que se tem de angariar recursos em qualquer sentido, mas, como temos por desafio o trabalho, certamente vamos seguir nesse sentido.

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Bem, Coronel, não sei se gostaria de acrescentar alguma coisa. (Pausa.) Não? Está bom. Então, vamos agradecer a todos os nossos convidados pela presença; à imprensa, a nossa Secretária Helena Bonumá, Vereadora - aqui dentro, mais Vereadora do que Secretária; quando está fora, é mais Secretária do que Vereadora -; ao Secretário José Otávio Germano, ao Coronel Costa e ao Roberto Jaeger.

Eu gostaria, então, que pudéssemos agendar, possivelmente lá no SINDILOJAS, e fazer essa mobilização nos próximos dez dias. A Câmara está disponibilizando a nossa estrutura, mas eu acho que seria bom que fosse lá e que pudéssemos, então, coordenar isso tudo lá na próxima reunião, até para mostrar que não é só da Câmara, que é do SINDILOJAS, depois é do Governo do Estado, é do Governo do Município, enfim, que todos os envolvidos têm essa mesma intenção e que nós vamos chegar a bom termo, se Deus quiser, em pouco tempo.

Então, agradecemos a todos pela presença. Está encerrada a Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às11h21min.)

 

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